domingo, 2 de junho de 2013

POESIAS

A Construção

No silêncio começo a escutar- te.
E a tua voz começa a fazer falta na realidade.

A vontade é tanta na tua direção, e em todos os pontos do teu corpo.

Começo a desenhar o teu vulto através das lentes dos meus olhos. Vai ficando cada vez mais forte: a silhueta.

Começo a construir-te instante por instante, e assim fazendo os momentos.

Minha mente elabora o esquema tático: a emoção. Estás quase pronta.

Meus pensamentos vão buscar ainda austeridade, o acabamento lacustre para fazer tua alma. É tão difícil a tua estrutura!

Apalpo o ar e no espaço vazio a tua silhueta e a tua sombra se juntam: já posso ver a possibilidade de te colorir. Fecho os olhos. E ao abrir, já vejo a definição da tua pele e cabelos, mas o teu rosto ainda é falho e ainda não tens cheiro.

O meu olhar corre pelo rosto teu, pela força do desejo. Formou-se o rosto: e com toda essa forma formou-se uma parte da tua alma.


Começo a procurar o teu cheiro: tive que ir buscar fora de mim, na outra parte de tua alma. Formou-se teu cheiro, formou-se você. Toco-te. Começo a te sentir: estás perfeita, mas estás do outro lado de mim, sem meio, começo e fim.






Desespero



Falas-me para que eu não possa calar.
Usas-me para que eu não possa parar.
Abraças-me para que eu não possa sair de mim.
Passas-me a tua vida para que eu possa navegar.
Conceda-me o teu barco para que eu possa remar nas águas dos teus olhos a procura de mim, perdido na escuridão que nos separa.














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