A Construção
No silêncio começo a
escutar- te.
E a tua voz começa a
fazer falta na realidade.
A vontade é tanta na
tua direção, e em todos os pontos do teu corpo.
Começo a desenhar o
teu vulto através das lentes dos meus olhos. Vai ficando cada vez mais forte: a
silhueta.
Começo a construir-te
instante por instante, e assim fazendo os momentos.
Minha mente elabora o
esquema tático: a emoção. Estás quase pronta.
Meus pensamentos vão
buscar ainda austeridade, o acabamento lacustre para fazer tua alma. É tão
difícil a tua estrutura!
Apalpo o ar e no
espaço vazio a tua silhueta e a tua sombra se juntam: já posso ver a
possibilidade de te colorir. Fecho os olhos. E ao abrir, já vejo a definição da
tua pele e cabelos, mas o teu rosto ainda é falho e ainda não tens cheiro.
O meu olhar corre
pelo rosto teu, pela força do desejo. Formou-se o rosto: e com toda essa forma
formou-se uma parte da tua alma.
Começo a procurar o
teu cheiro: tive que ir buscar fora de mim, na outra parte de tua alma.
Formou-se teu cheiro, formou-se você. Toco-te. Começo a te sentir: estás perfeita,
mas estás do outro lado de mim, sem meio, começo e fim.
Desespero
Desespero
Falas-me para que eu não possa calar.
Usas-me para que eu não possa parar.
Abraças-me para que eu não possa sair de mim.
Passas-me a tua vida para que eu possa
navegar.
Conceda-me o teu barco para que eu possa
remar nas águas dos teus olhos a procura de mim, perdido na escuridão que nos separa.
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